Conferência virtual de Néstor García Canclini para sua posse como novo titular da Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência.
A Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência foi criada em 2015 e lançada oficialmente em fevereiro de 2016, sendo a primeira cátedra de arte e cultura da Universidade de São Paulo (USP). Iniciativa do Instituto de Estudos Avançados da USP (IEA-USP) em parceria com o Itaú Cultural, a Cátedra tem por objetivo fomentar reflexões interdisciplinares sobre temas acadêmicos, artístico-culturais e sociais nos âmbitos regional e global.
Programa da Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência 2020-2021
Néstor García Canclini, o novo titular da Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência para o período 2020/2021, pretende investigar alguns processos de transformação da cultura e das comunicações contemporâneas, principalmente as relações e desacordos que ocorrem entre a desinstitucionalização da cultura pública e as trajetórias de movimentos independentes.
O catedrático entende como desinstitucionalização da cultura pública o enfraquecimento do orçamento e o fechamento de programas estatais, sua privatização e o deslocamento de instituições (museus, livrarias, cinemas, teatro e música, festivais de manifestações populares) por aplicativos ou servidores digitais e empresas que modificam os processos de distribuição e circulação de bens culturais e as formas de encontro em eventos e locais de sociabilidade cultural.
Ao mesmo tempo, estão se expandindo movimentos independentes que buscam comunicar – com formas tradicionais, midiáticas e eletrônicas – suas artes e culturas, criando mercados alternativos e outras formas de interação com o público e os usuários. Esses movimentos são geralmente associados a novas formas de organização sociocultural, que às vezes se institucionalizam e criam vínculos multidirecionais com órgãos públicos, fundações privadas e universidades, nas quais são apreciadas formas inovadoras de produzir e transmitir conhecimento em redes.
Ambos os processos – a desinstitucionalização e a inovação de movimentos independentes – geralmente estão ligados à “descidadanização” da política partidária e à busca de diferentes formas de exercer a cidadania como exercício de direitos humanos, elaborações simbólicas, práticas artísticas e participação em decisões que afetam a vida comunitária, as cidades, as nações e as relações internacionais. Algumas iniciativas buscam renovar as instituições, outras geram resistências e formas alternativas de atuação nas interações culturais presenciais e virtuais.
Por meio da compilação de experiências dos últimos anos – notadamente as condicionadas pelo neoliberalismo e recentemente pela pandemia – e mediante investigações de algumas experiências expressivas da diversidade, a ideia é identificar critérios de ação e avaliação. Serão especialmente levados em consideração experiências socioculturais e estudos produzidos no Brasil, Argentina e México.
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